Este artigo analisa a crítica de Arthur C. Danto à hermenêutica enquanto teoria que, segundo ele, incorre em uma noção de “interpretação profunda” que exclui a referência ao artista. Apesar dessa crítica, analisaremos a proximidade entre uma noção de interpretação da hermenêutica de Paul Ricœur à noção de interpretação que Danto propõe na sua teoria da arte. Nosso foco é a noção de interpretação “transfigurativa” que concerne à transformação do objeto comum em obra de arte. Essa contribuição de Danto para (...) a análise da obra de arte permite aproximar sua noção de interpretação e a de Ricœur pelo que elas têm em comum: a ênfase no questionamento do real por meio da obra de arte e no modo como a obra é constituída por meio de uma interpretação e de uma transfiguração. Danto e Ricœur abordam as obras referindo-se a noções de interpretação que resultam em processos de redescrição e de transfiguração. (shrink)

The objective of this article is to offer an example of a work of art identified with what Paul Ricœur named polysemy or linguistic density. Some works of art exemplify a metaphoricity in their constitution and the metaphor would be a privileged model for the analysis of figurative art and of allusive figuration. I believe that the painting A Bigger Splash by David Hockney has an image game that is also a language game: the aesthetic figuration as semantic link between (...) the verbal and the non-verbal, between the poetic and the pictorial. I argue that figuration through metaphoricity also exemplifies an ambiguity in Ricœur’s philosophy of language, and the distinction between the field of the pre-narrative and the narrative of the artwork clarify the aesthetic aspect of his theory of metaphor. The advantage of my example is that the immanent analysis of the metaphoric constitution of the work of art is compatible with the isolation of its narrative elements. The metaphoric redescription in painting should not be automatically extended to the narrative refiguration. (shrink)

Dans cet article, nous analyserons la conception de la fonction de la “figurabilité” en psychanalyse développée par Paul Ricœur, à travers sa lecture de la “découverte psychanalytique” selon laquelle le langage lui-même travaille au niveau figuratif. L’intérêt de cette lecture, c’est qu’elle fournit une autre notion d'image pour son herméneutique dans la mesure où Ricœur remet ici en cause la soumission de l’image par rapport au langage sur laquelle il avait principalement insisté dans La Métaphore vive. À partir de cette (...) lecture, nous défendons la thèse selon laquelle la prise en compte du lien entre le “travail de l'image,” dans sa lecture de la psychanalyse, et le “travail” de la métaphore, dans sa théorie de la métaphore, conduit à un élargissement de sa conception de la métaphore dans la mesure où ce lien révèle un niveau de visualisation dans lequel la maîtrise du langage sur l’image n’opère pas encore. (shrink)